O Colégio Estadual Dom Climério de Almeida, em Vitória da Conquista, realizou, nesta semana, uma série de atividades voltadas ao Programa Dignidade Menstrual, que tem por finalidade a distribuição de absorventes higiênicos e a promoção de ações pedagógicas de conscientização sobre o tema. A iniciativa do governo do Estado oferece, mensalmente, um pacote de absorventes descartáveis por estudante e terá um investimento total de R$5,6 milhões. Na Bahia, serão beneficiadas mais de 226 mil pessoas na faixa etária de 11 a 45 anos, regularmente matriculadas na rede estadual e que se encontram em situação de pobreza ou extrema pobreza.
A casa de Anna Luiza Neves, 15 anos, estudante do 1° ano do Ensino Médio, tem sete pessoas, sendo quatro mulheres. De acordo com a aluna, o benefício para ela e uma irmã, que também é estudante da rede estadual, chega em um bom momento. “Tem muitas pessoas que deixam de ir para o colégio quando estão menstruadas por não terem absorventes e isso vai atrapalhar o desempenho na escola. Não é justo ter que parar a vida por algo que é normal e fisiológico. Em minha casa, temos um gasto bem alto com isso”.
Com o aumento dos custos com a alimentação, a estudante Nycolle Caires, 16, 3º ano do Ensino Médio, afirma que o programa tem um papel fundamental para a estima das estudantes e contribui para segurança alimentar das famílias. “A cada dia que vamos ao mercado, vemos o aumento dos preços de produtos e alimentos. Com o programa, poderemos usar o dinheiro destinado aos absorventes para outras coisas também essenciais para casa”.
De acordo com a diretora da unidade escolar, Marcela Maia, desenvolver o Programa Dignidade Menstrual na comunidade apresenta para os estudantes um olhar sobre o tema esclarecedor, promovendo conhecimento e acolhimento. “Estamos em uma comunidade carente de muitos recursos. A distribuição dos absorventes é uma forma de trabalhar com a estima de uma estudante que, em algum momento, pode ter a sua ida à escola prejudicada pela falta deste item básico de higiene. O programa beneficia 95 garotas na escola, que agora vão poder destinar os recursos para outras necessidades pessoais, incluindo a alimentação”.
Para Talita Leitão, técnica da coordenação de Educação Ambiental e Saúde da SEC, através do programa, as escolas estão promovendo discussões com foco no conhecimento, no cuidado e na empatia. “Ainda é um tabu falar sobre a menstruação, o que, consequentemente, resulta na falta de informação e conhecimento. Os momentos de entregas dos absorventes nas escolas estão sendo oportunos para discussões sobre a temática. A dignidade menstrual está diretamente relacionada à dignidade humana. Quando não se tem condições e itens básicos para higiene, não se tem um período menstrual com dignidade, e isso é proveniente da pobreza menstrual. Em combate a essa situação, o programa está sendo uma ótima estratégia”.
Ações pedagógicas – Diversos materiais didáticos também estão disponíveis no Portal da Educação (https://bit.ly/36qWSJx), dentre os quais a Cartilha Educativa sobre Saúde Menstrual, que explica o que é a menstruação e quais as mudanças que provocam no organismo, bem como contribui para desmistificar tabus relacionados ao tema. Também fazem parte das ações da SEC os processos formativos para estudantes, professores e gestores, visando ajudar na promoção da cultura, do cuidado, da empatia e do respeito.
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