Professora de Boninal concorre a votação popular em prêmio nacional por projeto que resgata memórias das avós

 professora da rede  estadual de ensino, Maria Isabel Gonçalves, que leciona no Colégio Estadual Rui Barbosa, localizado no município de Boninal, está entre os dez educadores de todo o país finalistas da 23ª edição do Prêmio Educador Nota 10, com o  projeto “As filosofias de minha avó: poetizando memórias para afirmar direitos”. Agora, o prêmio está aberto para votação popular pelo endereço (https://premioeducadornota10.org/wp_vote_awards_year/2020/). A votação segue até o dia 27 de outubro. A professora Maria Isabel é a única representante da Bahia neste que é considerado o mais importante prêmio da Educação Básica brasileira, que visa reconhecer e valorizar educadores de escolas públicas e privadas da Educação Básica de todo o país.

A professora fala sobre a inspiração para o projeto. “O legado de minha bisavó Iaiá Lia, rezadeira da Umburana, que acolhia toda as comunidades quilombolas do entorno em Santo Reis, foi o que me fez adentrar na procura por uma filosofia decolonial, pelas filosofias de minha avó, propondo caminhos para redescobrir também as filosofias das avós de meus jovens alunos, as iaiás e seus saberes cheios de encantamentos. Este reconhecimento é para elas, pois as suas memórias são um legado para refazer o caminho de volta ao Ubuntu. Ao me inscrever no projeto, sonhei alto em poder divulgar para o Brasil este chamado às memórias e todas as suas possibilidades para a aprendizagem”, afirmou.

A educadora não escondeu a satisfação pelo reconhecimento do seu trabalho através do prêmio. “Ser um dos dez professores finalistas do Brasil é poder dar esse reconhecimento para o grande legado que está em cada comunidade rural, em cada comunidade negra do Sertão da Chapada. Ver o projeto selecionado me faz acreditar com mais força neste sonho de transformar a educação, partindo do que está bem aqui, pertinho de nós”, comemorou.

Maria Isabel falou sobre a simbologia deste resgate das memórias das avós. “Este projeto foi a possibilidade de demarcar o nosso próprio espaço, rico em filosofias. Os saberes ancestrais são a filosofia viva para que os estudantes tenham sempre esse ponto de partida. As memórias nos abrem para o universal, as questões fundamentais, a cultura, o patrimônio, o território, bem como para as questões sociais, ambientais e políticas. Elas são um convite para as descobertas e afirmação de nossa identidade enquanto Sertão Chapada. Tudo está ali naquela conversa com as nossas avós”, destacou. 

Sobre o prêmio

O Prêmio Educador Nota 10 foi criado em 1998, pela Fundação Victor Civita que, desde 2014, realiza a premiação em parceria com a Abril, Globo e Fundação Roberto Marinho. O prêmio é dividido em três fases. Na primeira, foram escolhidos 50 finalistas. Dentre eles, foram selecionados os dez vencedores de 2020. Já o Educador do Ano será divulgado durante a premiação, com data ainda a ser definida. Cada um dos premiados ganha um vale-presente no valor de R$ 15 mil. O Educador do Ano, escolhido pela Academia de Jurados, recebe outro vale-presente, também no valor de R$ 15 mil. As escolas dos vencedores também recebem uma verba para a celebração.

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